Tecnologia
O aumento expressivo e contínuo da demanda por informações e a necessidade de armazenar uma quantidade cada vez maior de dados vem levando muitas empresas a aderirem ao co-location. Fatores fundamentais como segurança e conectividade estão entre as razões que fazem essas companhias migrar os servidores para data centers terceirizados, além da redução de custos.
“Lidar com muitos dados, arquivos e aplicações é uma realidade à qual as empresas precisam se adaptar se quiserem continuar crescendo”, diz Marcos Siqueira, vice-presidente de operações da Ascenty, provedora de serviços de data centers e conectividade na América Latina. Ele lembra, porém, que o investimento em infraestrutura de data center é elevado, já que envolve custos como manutenção de ar-condicionados, geradores, energia e conectividade, além de profissionais para gerir todo o ambiente.
Diante disso, afirma, o co-location pode ser uma estratégia para qualquer empresa, “principalmente para as que possuem diversos equipamentos físicos, têm alto Opex (custo operacional) de manutenção e grande preocupação com alta disponibilidade e segurança e precisam de opções de conectividade com baixa latência”.
Eduardo Carvalho, presidente da Equinix no Brasil, empresa global de infraestrutura digital, explica que no co-location as companhias mantêm controle sobre suas aplicações e equipamentos, mas sem precisar se preocupar com espaço, segurança física e infraestrutura. “Funciona muito bem para quem precisa de infraestrutura robusta, segura e estável, com baixíssimo risco de indisponibilidade.”
Segundo ele, com o serviço as empresas podem desenvolver estratégias de edge à cloud, conectando-se aos principais provedores de cloud no mundo, além de outros provedores de TI, telecom e parceiros de negócios, sendo uma ponte segura e de alta performance entre os dados que estão on premise e os hospedados em uma ou em múltiplas clouds.
Marcos Siqueira, da Ascenty, ressalta ainda que a estratégia de migrar servidores para o data center depende sempre da demanda individual de cada empresa. “É possível, e muitas vezes recomendado, migrar todo o ambiente crítico para os data centers e conectar o data center ao escritório, quando necessário, por meio de uma conexão privada, conhecida como LAN to LAN ou rede ponto a ponto.”
Ele lembra que de março de 2020 para cá, com o agravamento da pandemia em todo o mundo, houve um grande aumento da procura de co-location por parte de empresas que nem cogitavam tal solução, enquanto as que já eram usuárias aumentaram significativamente a demanda por mais espaço.
“As grandes empresas de tecnologia em todo o mundo cresceram muito nesse período. Os grandes provedores de cloud cresceram por consequência e também buscaram novas infraestruturas. A migração para soluções em cloud foi acelerada pela pandemia, por conta da necessidade de disponibilidade e segurança.” Não por acaso, diz, a Ascenty faturou R$ 1 bilhão em 2020 e deve chegar este ano a R$ 1,2 bilhão. Recentemente, a empresa iniciou a construção de mais cinco data centers no país, totalizando 27 unidades distribuídas entre o Brasil, Chile e México. O investimento total será de US$ 250 milhões.
Para Carvalho, do Equinix, manter parte da infraestrutura digital na nuvem se mostrou requisito fundamental na pandemia para praticamente todos os tipos de negócio. De acordo com ele, a infraestrutura de TI estática, tradicional, está perdendo espaço para o modelo híbrido. “O que é estático ou altamente crítico fica on premise; o que é variável, de menor criticidade, e precisa estar perto do usuário, na chamada edge, segue para a cloud. A pandemia confirmou essa tendência.”
O executivo alerta que a migração de data center é sempre um serviço crítico para a TI e que, antes de optar pela medida, a empresa deve avaliar suas necessidades atuais, projeções futuras e o perfil das aplicações. “Uma pequena empresa que não tem tanta criticidade ou não precisa de um espaço tão grande ou exclusivo pode optar por estar em múltiplas clouds, por exemplo. Já um negócio que necessita de apoio com o gerenciamento do ambiente ou dos equipamentos pode concluir que o hosting e os serviços gerenciados irão atendê-lo melhor.” Com um investimento de US$ 59 milhões, a Equinix anunciou a expansão de seu data center SP4, em Barueri (SP). O projeto inclui uma ampliação de 65% na área de co-location.
Entre os clientes de co-location da Equinix está a operadora HostFiber, com sede em São Paulo, que utiliza essa modalidade desde 2010 e, no ano passado, concluiu a migração de 100% dos serviços para o data center da parceira. Segundo a empresa, o ambiente legado foi conectado ao data center por meio de link dedicado redundante baseado em um anel de fibra apagada do backbone da HostFiber, “proporcionando performance de ambiente local às aplicações, com a segurança que um co-location em data center de classe mundial proporciona”. Os principais motivos que nortearam a migração foram o forte ecossistema de interconexão dos data centers da Equinix e a qualidade da infraestrutura, considerado pela HostFiber muito superior a uma estrutura própria.
“Por sermos uma operadora de link dedicado, temos a necessidade de estar presentes em todos os locais onde há alta troca de tráfego pelo mercado corporativo”, diz Marcelo Safatle, CEO da HostFiber, acrescentando que operação da companhia consome co-location de forma intensiva e em múltiplas localidades, pois, além da infraestrutura de TI, há uma demanda de distribuição de equipamentos de comutação dos links dedicados, gerada pela operação de backbone. “A implementação dessas infraestruturas sob a modalidade de co-location faz parte da nossa estratégia, pois assegura um ambiente com alta qualidade, eficiência e escalabilidade.”
A migração trouxe ainda para a HostFiber, segundo ele, significativa otimização de custos, viabilizando a desativação total do CPD próprio, substituído por links de alta capacidade com o data center. Com mais de 10 anos de atuação, a HostFiber atende empresas de pequeno a grande portes. A companhia tem uma rede própria de fibra óptica e está presente em mais de 100 cidades do estado de São Paulo. Seus serviços incluem links dedicados, LAN to LAN, trânsito IP e dark fiber.
No caso da Com4 Data Center, maior data center do interior paulista, localizado em Franca, a demanda por co-location parte de empresas tão distintas quanto farmácias de bairro e fábricas de sapatos, este último setor de destaque na economia local. “Em vez de comprar um servidor de R$ 100 mil, empresas de pequeno ou médio portes pagam uma mensalidade de pouco mais de R$ 1 mil e com isso resolvem seus problemas”, diz Marco Antônio Zago, gerente de TI da Com4.
Hoje, a Com4 tem cerca de 90 clientes de co-location. Segundo Zago, há companhias que, em vez do co-location, têm preferido a virtualização: migram apenas os dados e as aplicações, e não os servidores, para um data center externo. Isso ocorre, explica ele, quando os equipamentos precisam ser trocados, e o cliente, por economia, opta por virtualizar.
Além de co-location, a Com4 oferece serviços de hospedagem (sites e revenda), cloud, e-mail, movie on-line e link Internet (fibra, dedicado e privado), entre outros. Sua sede, baseada nos padrões de green IT, tem 1250 metros quadrados de área construída. Fundada em 1998, a empresa atende clientes de diferentes setores, incluindo e-commerce e usinas de açúcar e álcool.
Texto original: Infra News Telecom